Ontem recebi a notícia, de que o Raul Solnado tinha falecido, durante um jantar e foi difícil controlar as emoções e as lágrimas a partir desse momento...agora que penso nisso, foi exactamente isto que aprendi com ele, deixar passar as nossas emoções para as outras pessoas é bom, é sinal que estamos vivos. Não apenas quando estamos no palco, quando declamamos um texto mas também no nosso dia-a-dia.
Este senhor do teatro ensinou-me muito, não só de teatro (essa parte nem comento, claro) mas da vida em geral. Era uma pessoa muito culta que viveu muito a vida e que fez muitas coisas. A sua história de vida é fantástica e que ele contava de uma forma fascinante. Ficávamos colados às cadeiras (ou ao chão) já depois da hora a querer ouvir mais e mais. Então quando a conversa ia na direcção de histórias engraçadas, ninguém conseguia parar o Raul...e mais tempo tivéssemos e mais histórias ele contaria, cada uma mais engraçada que a anterior! Quem nos visse, parecíamos umas crianças completamente derretidas a sorrir, a ouvir o avozinho a contar historinhas...era mesmo delicioso de se ver!
Lembro-me perfeitamente da primeira vez que o vi, como se fosse hoje. Estávamos todos sentados nas escadas do palco e de repente a porta abriu...ele entrou...eu sorri e não consegui parar de sorrir ao vê-lo ali tão perto de mim, com um ar tão querido e tão doce. O que me ensinou e me disse nesse dia, guardo com enorme carinho no meu coração e é o que me dá forças sempre que penso no meu teatro ou na minha música.
Ele foi uma pessoa verdadeira inspiradora para muitas pessoas...ele inspirou a minha vida com tudo o que me ensinou, com o seu sentido de humor sempre apurado, o seu ar terno e a sua maneira de ser simples e sincera.
Esta fotografia que escolhi não foi ao acaso, pois é assim que o quero recordar com este lindo sorriso de menino maroto...Raul, nunca o esquecerei e estará sempre presente no meu coração!